segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Presunto Floresta Negra

Schwarzwalder Schinken, ou em inglês Black Forest Ham. É o presunto mais delicioso que já comi na minha vida. Pense no presunto parma mais gostoso que você já comeu. Imagine ele levemente defumado. Voi la!

Não fui eu quem tirou a foto.


É no entanto muito mais que isso. De acordo com a wikipedia, o processo de preparo pode durar meses. Ele é primeiro temperado, então curado por umas 2 semanas, o sal removido, curado de novo, e no fim defumado em fumaça de abeto.

E é maravilhoso.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Salsicha, salsichinha e salsichão

Todos sabem que Alemanha é a terra da salsicha. E, estando aqui, tento aproveitar ao máximo cada variedade. O que acontece é que salsicha é algo bem regional. Alguns tipos você só vai encontrar em determinados estados ou regiões. Em Bonn, por exemplo, a única salsicha que encontramos em qualquer lugar é a Bratwurst. Bratwurst significa simplesmente salsicha assada, mas em geral o termo se refere a essa, comum por essas bandas. Outras regiões podem ter tipos ligeiramente diferentes de Bratwurst, mas em geral elas são similares.

Bratwurst

Ela é uma salsichona branca, macia, bem uniforme, e assada em chapa ou grelha, o que dá essa tostadinha bem boa por cima. Ela é em geral servida com batatas fritas, com molho curry ou num pãozinho francês com mostarda. Em fast-food, ela é assada na chapa mesmo. Mas para eventos especiais, como festas, elas são assadas como churrasco, numa grelha com carvão (holzkohlengrill)

Grelhas comuns em festivais tradicionais
Outra comum mas nem tanto é a Bockwurst. O processo de preparo dela é demorado. Primeiro a carne é cozida antes de ser processada. Depois ela fica por mais de uma semana sendo defumada. Ela é bem "inchada", e sempre que como a primeira mordida da meio que uma "pipocada", pra vazar o ar. Eu pessoalmente não gosto tanto dela assim, mas é bom para variar um pouco. 
Bockwurst

Menos comum em Bonn é a salsicha Wiener (de Viena). Eu pessoalmente acho ela a pior de todas. Lembra um pouco as nossas salsichas de cachorro quente, mas mais dura, e na minha opinião com um sabor meio artificial demais. Ela também é chamada de Frankfurter, pois o açougueiro que tornou a salsicha popular em Viena era de Frankfurt. Ela é servida comumente com salada de batata e pickles.

Frankfurter (ou Wiener)

Na festa em comemoração da reunificação alemã eu tive a oportunidade de comer outras salsichas. Infelizmente esqueci o nome da maioria delas, mas devo dizer que uma particular conquistou meu coração. Foi a Weisswurst (salsicha branca) de Munique. Ela é super macia, suave, uma delícia. A forma de preparo dela é cheia de frescura, e historicamente, por conta do processo complicado, ela tinha que ser comida logo pela manhã, como café da manhã. Hoje em dia é possível encontrá-la ao longo de todo o dia, mas a tradição ficou, e as pessoas continuam comendo principalmente pela manhã. Um acompanhamento especial da região da Baviera e extremamente delicioso a mostarda doce. Combina perfeitamente com o sabor suave da salsicha. A combinação é impecável.
Weisswirst com Bretzel e mostarda doce

É verdade que um bifão faz falta. Mas a variedade de salsichas e combinações daqui conseguem enganar bem. E viva a salsicha!


sexta-feira, 24 de junho de 2011

Taste of India

Viagem para a Índia. Entre outras coisas, uma viagem gastronômica.

A primeira coisa que me surpreendeu foi a pimenta. Ou melhor, a falta dela. Eu fui esperando pegar fogo, voltar pra casa sem conseguir falar, ou sentir qualquer gosto por um mês. Mas isso não aconteceu, felizmente. Sim, é verdade que eles usam pimenta. E sim, é verdade que existem alguns pratos com tanta pimenta que parece que você está bebendo querosene e tacando fogo, e depois lixando com uma tábua de espinhos. Mas a maioria dos pratos eram absolutamente "toleráveis" para os fracos de língua, e extremamente deliciosos.

Ouvi falar, no entanto, que isso era porque eu estava no norte. A comida do sul, de acordo com eles, é extremamente apimentada. Fiquei contente de estar no norte, onde a pimenta não é mortal.

Falando nisso, pimenta é uma coisa mágica. Eu não tinha idéia. Cada uma passando um tipo de sensação totalmente diferente da outra. Algumas queimam a língua. Algumas fazem a boca inteira arder levemente. Algumas tem um gosto doce no início, que aos poucos atinge um crescendo, sua boca parece que vai explodir, e então voltamos a uma leve chaminha. Eu era do tipo de bobalhão que achava que "pimenta = queimar" e pronto. Agora vejo que há toda uma arte, uma "magia", por trás.

O estilo padrão de comida de lá é: diferente tipos de "pães" (o que chamamos de pão sírio, uma outra coisa que é exatamente a nossa massa de pastel frita, mas sem recheio, e outros tipos de massas, todas bem leves), e vários molhos. Esse padrão segue no almoço e jantar também, com ligeiras modificações (como arroz e grão de bico no almoço, por exemplo). Comemos com as mãos, rasgando os pães e molhando nos molhos (porções individuais de molhos para cada um). Cada um mais gostoso que o outro. Espinafre, côco, tomate, e alguns outros que eu não tinha idéia do que eram (mas sempre muito bons). Eles gostam de ketchup, talvez tenha sido importado da inglaterra durante a época colonial, não sei dizer.


Indianos gostam de comer. É verdade que eu estava em uma festa de casamento, mas a impressão que tive é que, assim como brasileiros, comer é uma atividade importante. Pode parecer óbvio isso que estou dizendo, mas não é. Na Alemanha, por exemplo, o povo parece comer "por obrigação", só pra sobreviver. Não vejo muita variedade de comida, e não os vejo dedicando muito tempo ao ato de comer.

O café da manhã começava ali por volta das 10 da manhã, ia até as 1 da tarde. 2 da tarde já estava o almoço, que ficava praticamente a tarde inteira. Mal o almoço saía, chegava a janta. Eu comi, e comi, e comi.

E fui feliz.

Os doces indianos também são muito bons. Uns bem usuais pra nós, como sorvete e cremes parecidos com mousse. O sorvete que comi foi de pistache. Simplesmente delicioso. Confesso que estranhei um pouco o gosto, no início e no fim, mas estava muito bom. Comi um desses cremes de manga, delicioso. a propósito, vocês sabiam que manga é originária do leste da Índia? Eu jurava que era coisa nossa. E eu simplesmente adoro manga.

Uma sobremesa peculiar que comi lá foi uma espécie de pãozinho com uma cobertura de baunilha, e (pasmem) curry por cima! Sim, temperos que usamos para coisas salgadas, temperando um doce. A mistura não me agradou muito, mas é porque eu sou um fresquinho chato. Também experimentei uma versão indiana de picolé, que era simplesmente gelo com uma calda doce jogada por cima. tem gosto de... gelo. Com uma calda doce jogada em cima. Era bom (principalmente pelo fato de estar fazendo uns 30ºC), mas era sem graça.

Uma coisa que me surpreendeu durante todo o casamento é que quase não eram servidos bebidas (alcoólicas ou não), apenas água. De vez em quando passavam com uma bandeja servindo coca-cola, ou suco (de abacaxi ou manga). Mas, na grande maioria das vezes, água. Serviam também durante o almoço e janta, uma espécie de suco de manga verde (gosto estranho...), que diziam eles era para auxiliar a digestão.

Quase não vi saladas. Nem frutas, para comer. Não sei se foi uma particularidade do casamento, ou se não é tão comum assim essas coisas na Índia. Apesar disso, acredito que a comida era bastante balanceada. A pimenta é uma boa fonte de vitamina C e outras coisas. Os molhos também pareciam ser bastante nutritivos.

Comida indiana: recomendo!

E antes que perguntem, não, eu não lembro o nome de nada.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Couve de Bruxelas

Como mencionado no meu outro blog, eu estava em Bruxelas.

Para minha surpresa, minha primeira refeição lá foi uma coxinha de frango a lá brasileira. Deliciosa. Melhor café da manhã impossível (ou seria almoço? meio dia...).

Várias opções de coisas legais pra comer. Mas minha pão-duragem falou mais alto na maior parte do tempo. Comprei um chocolate com pétalas de rosas, muito gay gostoso. Mas foi só uma barrinha, de 2 euros, basicamente porque eu não poderia ir a Bélgica sem dizer que comi chocolate belga, e também porque estava precisando de açúcar.

Por volta das 5 ou 6 horas comi um sanduíche no Quick, a versão francesa (e tão ruim quanto) do McDonalds. Uma promoção para estudantes (5 euros, sanduíche, batata e refrigerante) foi o suficiente pra me convencer.

Mais a noite, resolvi abrir um pouco mais a mão, e pagar um pouco mais em algo diferente. Entrei num restaurante bem bacana, com uma atendente atrapalhada, e pedi alguma coisa aleatória. Simplesmente olhei para as "especialidades da casa", escolhi um de preço médio, e fui ver no que que dava.


O nome do prato era vous-le-vent (não tenho idéia do que significa), uma espécie de estrogonofe  com um folhado sem graça e batatas fritas. Pra ser bem honesto, eu gosto de coisas diferentes, mas isso estava extremamente sem graça.



No meio da madrugada, sentado no chão, com aquela mão suja que ficou o dia inteiro sem ver água, pegou em tudo que se pode pegar, resolvi comer uma mexerica. Estava deliciosa. E na fome, fica mais ainda.

De café da manhã, mais uma mexerica, e um chocolate quente. Não era tão bom quanto o chocolate que tomei na itália, mas deu pro gasto.

E finalmente, pra almoço, decidi que queria fazer a viagem valer a pena gastronomicamente também. Procurei por algo exótico. Eu quase me rendi ao escargot, mas o fato de os que eu vi estarem sendo vendidos na rua, em barraquinhas sujas, me fez desanimar com a idéia. Eu não duvidaria nada que os "moluscos" fossem lesmas catadas no chão da rua, por ali mesmo. Finalmente, eis que vi a luz. Um restaurante africano, com vários negões sarados. Pensei: "é aqui mesmo que vou comer algo exótico e másculo, condizente com minha virilidade". Olhei para o cardápio, vi algo com a palavra "tripes" no meio, e pensei: "é nóis!". Pra acompanhar, um "arroz cheiroso" (riz parfum, ou alguma combinação dessas palavras).

Basicamente, era um ensopado de tripa. Conhecido no Brasil por "buchada". Eu nunca tinha comido a versão brasileira, a africana seria então algo totalmente novo e exótico pra mim. Posso descrever o sabor como "interessante". O tempero era bom, mas a "carne" era borrachenta, eu tinha que mastigar umas 340 vezes para conseguir engolir. Além disso, a parte interna da tripa contém um tecido rugoso (possivelmente pra facilitar a absorção de nutrientes), que é um tanto quanto... desagradável. Dá a impressão de ser peludo. Em outras palavras, eu estava comendo uma muchiba peluda e bem temperada. O arroz estava muito bom, e me lembrou algo do arroz indiano, um cheiro forte e agradável.

E não, eu não comi couve de bruxelas.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Espresso

O café italiano (que na verdade é brasileiro e asiático) é bom. Bom mesmo. Tem uma marca de café expresso aqui chamada illy. É delicioso. Vou dar algumas informações sobre café em geral, possivelmente inúteis, mas que mudaram a minha maneira de tomar café. Nunca mais vou beber um expresso da mesma forma.

O café illy é produzido aqui em Trieste. 50% de seus grãos vem do Brasil, a outra metade da Ásia e África. O café que vem do Brasil é barato, em grande quantidade, e de boa qualidade, e passa por um processo de secagem em geral diferente da outra metade. Isso faz com que os aromas em cada café sejam diferentes, alguns mais suaves, outros mais fortes. Achar a mistura certa é crucial.

Uma coisa que eu não tinha idéia é que existem dois tipos de café: Arabica e Robusta. O Arabica precisa de climas mais quentes e úmidos, é mais frágil, mas tem um ótimo aroma. É o mais comum no Brasil. O Robusta, como o nome diz, é mais resistente, suporta climas mais frios e secos, portanto é mais fácil de produzir, mas o sabor é pior. O café illy é produzido inteiramente de café Arabica.

A fábrica da illy se encarrega de analizar o café comprado. A maior parte do processo é feito roboticamente. Máquinas se encarregam de abrir e esvaziar as sacas de café, ímãs e outros equipamentos separam impurezas e objetos misturados nas sacas, e câmeras fazem a análise da cor das sementes, eliminando as que não estejam da cor ideal. As sementes são então torradas a uma temperatura de 220 graus Celcius, onde as sementes dobram de tamanho por causa da pressão interna de gás carbônico, mudam de verde para a cor amarronzada que conhecemos, e boa parte dos açúcares são alterados quimicamente.

O café torrado deve ser embalado imediatamente, pois é extremamente volátil. Em outras palavras, se não for embalado, ele simplesmente perde todo o aroma característico de um bom café. O processo de embalagem a vácuo, além de proteger o café de oxidação, faz com que as moléculas que dão o aroma "grudem" nos grãos ou no pó (para o caso do café moído), só sendo liberada depois quando o cafezinho é preparado.

Um bom café espresso simplesmente não precisa de açucar. O processo de preparo já o torna perfeitamente balanceado, a mistura perfeita de amargo e doce. E isso eu pude perceber na prática. Todos os cafés que tomei aqui (todos illy), estavam extremamente deliciosos, sem açucar.

É isso. Um monte de informação inútil mas legal.

Agora vou tomar um café.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Primo Piatto

Itália é fantástica. Eu poderia falar sobre infinitas coisas diferentes daqui, mas como esse é um blog de comida, falemos disso.

É verdade que o que eu conheço da itália se resume ao estado no extremo nordeste da itália, que inclui Trieste, Udine, e outras cidadezinhas menores. Conheci no ano passado também Veneza, mas nessa última não pude aproveitar nada da gastronomia, pois estava sem dinheiro e me contentei com biscoitos e frutas carregadas na mochila. E também é verdade que boa parte da minha experiência com comida aqui em Trieste (onde vou ficar por 3 semanas) consiste em comida da cantina do Instituto de Física local, e como todos sabem, não podem servir de parâmetro para comida.

No entanto, mesmo assim, tem alguns aspectos gerais que podem ser comentados. Pra começar, a comida do restaurante é deliciosa. Nada parecido com os usuais restaurantes universitários que estou acostumado. Não sei se isso é porque aqui é um instituto internacional de física (que recebe dinheiro da Unesco, da Onu, etc) ou se é porque eles são italianos. Eu arriscaria um pouco dos dois. Tive a chance de comer fora daqui algumas vezes, e a impressão geral é excelente.

O padrão é dividir a comida em dois pratos. Primo e Secondo, primeiro e segundo. As vezes essa nomenclatura é falha, como da vez que saímos pra jantar e o restaurante serviu três "primeiros" pratos e um segundo. Acho que para nós seria algo como "entradas". Tivemos Bruschettas (tem um "R" depois do "B"), polenta e risoto, de "entrada". E em geral o segundo prato é o que contem a quantidade significativa de carne, no caso desse jantar, muito Gulash com mais polenta.

Além da quantidade, existe outra coisa que me lembra a comida brasileira. Talvez os temperos utilizados. Talvez por ser uma comida "molhada", e ao mesmo tempo não muito oleosa, como os molhos que estou acostumado na Alemanha. Arrisco dizer que a comida (e o prazer por comer) foi uma das várias heranças que os italianos nos deixaram.

A propósito, isso é um ponto bem diferente entre Itália e Alemanha. Os alemães não dão tanto valor assim pra comida. É verdade que você encontra alguns pratos deliciosos na Alemanha, mas, em geral, alemães comem porque tem que comer. Isso não sou só eu que estou dizendo, diversos alemães já me confirmaram isso. Que comida não entra muito no "acervo" cultural deles.

Vamos agora para a sobremesa. Sorvetes e relacionados são uma ótima pedida. O sorvete italiano é famoso, e não é a toa. É simplesmente delicioso. Até hoje nunca esbarrei em sorvetes com gosto de sabão, por mais barato que seja. Os de fruta são de fruta mesmo, e não algo químico que acidentalmente ficou com um gosto que lembra vagamente alguma fruta.

É comum lembrarmos de pizzas e massas quando falamos em Itália. Quanto a massa, é verdade. Macarrão é padrão por aqui, embora lasanhas e semelhantes nem sempre. Mas pizza, embora já tenha comido algumas deliciosas (cito aqui uma fantástica de frutos do mar, num restaurante na beira do mar Adriático), essa região não é tradicional nisso. Por estarmos no mar, coisas com peixe e frutos do mar em geral são mais comuns. E todos os peixes que já comi até agora foram deliciosos, por mais simples que sejam.

Nesse ou no próximo ano devo passear pelo resto da Itália com mi amore, e poderei dizer o que achei dos outros lugares.

domingo, 13 de março de 2011

Preguiça Macarrônica

Pra estrear este blog, escrevo enquanto um macarrão que fiz ontem esquenta no fogão.

Eu me considero preguiçoso. Gosto de cozinhar, mas tenho muita preguiça. Além disso, no momento estou preferindo coisas rápidas (tenho um mini-seminário pra terminar, pra amanhã).

De qualquer forma, quando estou com muita preguiça compro macarrão e molho pronto no mercado. Tudo não sai por mais de € 1,50. E é o suficiente para pelo menos 3 refeições. E a qualidade dos produtos é boa. O macarrão é bom, não gruda, mesmo custando 39 centavos. O molho pronto também é bom, muito bem temperado. Claro, não se compara a um molho de verdade, mas tá valendo.

Mas existe muita gente mais preguiçosa que eu. Existe uma alternativa a essa minha compra. É comprar um pacote de macarrão que já vem com um saquinho de molho dentro da caixa. As diferenças são: o preço, pois ele é um pouco mais caro; a qualidade do molho pronto, que é um pouco pior; e o fato de você carregar pra casa uma única coisa, uma caixa, ao invés de um pacote e um vidro de molho. E como eu disse, é muita gente que prefere a opção mais cara.

Tem umas coisas de alemão que eu realmente não entendo. Essa é uma delas.